segunda-feira, 20 de julho de 2015

Comunicação e alguns ruídos parte 1

Um dia desses dei-me conta que minha história na comunicação já computa mais de vinte anos. Comecei como locutor na rádio Independente FM de Porteirinha em 1994, aos quinze anos de idade. Desde então passei por outras duas emissoras de Montes Claros, a 98FM e a Itatiaia. Há cinco anos, aproximadamente, deixei o rádio e me embrenhei na TV. Atualmente sou repórter e apresentador de telejornal na afiliada da Globo no norte de Minas, a InterTV Grande Minas. Se tivesse percebido antes essa efeméride pessoal, provavelmente teria reunido os amigos mais próximos e os familiares para uma pequena confraternização pelas duas décadas dedicadas a comunicação. Mas, para ser mais justo, a tal comemoração deveria ser uma festa imensa, que desse conta de reunir todas as pessoas que já passaram por minha vida nestes mais de vinte anos: ouvintes, amigos, colegas, artistas, família, telespectadores...

Quem sabe daqui quatro anos eu não pense em algo neste sentido. Tomara que as condições do país até lá fiquem mais favoráveis. Mas de toda forma não pretendo deixar passar em branco a possibilidade de deixar registrado aqui algumas histórias curiosas que aconteceram comigo, no rádio e na TV, por ocasião desta data redonda. São relatos engraçados, pitorescos, emocionantes, como é a própria dinâmica da comunicação de massa, quando sempre feita ao vivo, campo fértil para acontecimento de boas histórias. E no fim de cada pequena crônica vou publicar também algumas gafes do rádio do norte de Minas. A compilação dessas histórias se deu na conclusão do curso de Jornalismo, quando eu, minha então colega e hoje esposa Camila e meu parceiro e irmão Samuel Nunes, fizemos o trabalho de conclusão de curso com essa temática.

Pretendo utilizar nomes fictícios em alguns casos para não expor quem quer que seja a constrangimentos. Eu, particularmente, não me importo de contar os fatos curiosos que aconteceram comigo, pois os vejo como aprendizado. Então vamos aos fatos. 

Por volta de 1999 eu apresentava na rádio 98FM um programa com uma audiência enorme. O “Pagodão da 98”. Herdei a atração depois da saída do excelente radialista Luiz Montes, que deixara a emissora. O programa estava indo bem até que uma senhora ligou e pediu que eu mandasse uma música para o filho dela, que se chamava Donald. Anotei o pedido e entrei no ar com alegria e despojamento, marcas do programa. Só que fui um tanto infeliz na maneira como falei: “Agora vamos ouvir Zeca Pagodinho aqui no programa. E a Telma oferece para o filho dela, o Donald”. Até aí tudo bem. O problema é que o diabo mora nos detalhes. Complementei o anúncio dizendo que até mesmo na Disneylândia estavam ouvindo o programa. “Olha só, o pato Donald também está escuta. Aproveito e mando também para o Pateta, o Mickey, a Clarabela... Todos aí em Patópolis...”. Bastou eu fechar o microfone para o telefone tocar novamente. Era a mãe. O que você acha que ela disse. A primeira opção é “Que legal, adorei a presença de espírito”. Ou a segunda opção: “Eu posso falar com o irresponsável do locutor?”. 

Certamente a resposta correta foi a última. Ela emendou, furiosa: “Para seu governo, existe um ator chamado Donald Suterland e não é só porque o nome dele é Donald que precisa ser o pato Donald. Ela disse ainda que o filho sofria com a gozação dos colegas na escola. Eram tempos pré-bullying, mas mesmo a despeito da inexistência do termo o fato, esse tipo de babaquice já acontecia. E pior, o menino fazia análise para tentar superar esse bloqueio. “E você, deliberadamente, o chamou de Pato Donald para milhares de pessoas”. Ela respirou e finalizou: “Vou te processar!”.

O processo nunca veio. Mas isso me serviu como um tremendo aprendizado. Depois desse dia, e para todo o sempre, vou lembrar que ela se esqueceu de mencionar o Donald Trump.

Historinhas do rádio:

# O locutor se vangloriava de seu pique animado no ar e fazia disso uma das características de seu trabalho. Para ele rádio tinha que ser empolgante. Depois de dizer a hora, o radialista entrou no ar com todo o pique: “E aí galera, tá no ar o nosso programa, mas para começarmos com todo o gás tem a contagem regressiva: 1, 2, 3”.

# Em Porteirinha e em Espinosa tem duas rádios homônimas. Ambas se chamam Educadora e trazem muitas características em comum como a prestação de serviço e o apelo popular. Um comunicador trabalhava na cidade de Espinosa e sempre começava seus programas da mesma forma: “Estou chegando aqui na Educadora, em Espinosa 10 horas”. Era este o sinal que avisava aos ouvintes que a atração entrara no ar. Quis o destino que o locutor mudasse de rádio e de cidade. Ele foi trabalhar na Educadora de Porteirinha onde pretendia reproduzir o sucesso que obtivera em Espinosa. Já no primeiro dia ele começou do mesmo jeito o programa: “Estou chegando aqui na Educadora, em Espinosa 10 horas”- o locutor vacilou por um instante e arrematou: “E em Porteirinha também...”.

# O locutor era fã incondicional dos Beatles e repetiu essa gafe durante grande parte de sua carreira. Sempre que era possível programar um flashback na programação ele dava um jeito de colocar uma música do famoso quarteto de Liverpool e sempre caprichava no anúncio: “E agora você confere mais uma música da melhor banda de todos os tempos. Com vocês os The Beatles...”.

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