terça-feira, 28 de julho de 2015

Vidas Áridas- Um breve resumo das atividades feitas até agora


O projeto Vidas Áridas surgiu da iniciativa dos jornalistas Geraldo Humberto e Délio Pinheiro, funcionários da afiliada mineira da Rede Globo nas regiões norte, noroeste, central e Vale do Jequitinhonha, a InterTV Grande Minas. O projeto começou em 2012 quando os jornalistas realizaram uma viagem ao extremo norte do estado para registrar aquela que foi, até agora, a maior seca que o estado já enfrentou em cerca de um século. O objetivo era registrar em fotografias, e também em reportagem para a emissora, este momento crítico. De volta da viagem eles lançaram em 2013 a exposição “Fome de água no sertão”, que deu início ao projeto.
Morador da zona rural de Espinosa

Antes de tudo um forte
O nome Vidas Áridas é uma homenagem a famosa obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas. Ainda em 2012 o projeto ganhou contornos que nem os próprios criadores supunham, já que sob a bandeira do Vidas Áridas vieram se abrigar parceiros que enxergaram no projeto uma oportunidade para a sociedade exprimir suas opiniões acerca de assuntos tão importantes, como a correta utilização dos recursos hídricos.

Logomarca do Instituto
Neste mesmo ano foram realizadas as chamadas “Caravanas Vidas Áridas”, nas cidades de Serranópolis de Minas, Pai Pedro e Taiobeiras. Oportunidades em que foram discutidos, em audiências públicas, assuntos relevantes de cada lugar. Neste mesmo ano os idealizadores passaram a ministrar palestras em empresas e escolas, sempre com o objetivo de despertar a consciência ambiental das pessoas.

Vidas Áridas em Pai Pedro
Vidas Áridas em Serranópolis
Em 2013 o Vidas Áridas passou a participar de grandes discussões regionais, como a defesa da retomada das obras do reservatório de Berizal, no Alto Rio Pardo. Neste ano o Vidas Áridas passou a contar com dezenas de colaboradores eventuais e um permanente, o ambientalista Sóter Magno, que preside a ong OVIVE, Organização Vida Verde, importante parceira nesta caminhada. 
Quando a objetividade do jornalismo chega ao fim
Uma grande bandeira: A retomada das obras de Berizal
Neste ano o projeto fez várias viagens a Belo Horizonte, Brasília e a Fortaleza, no Ceará, sempre em defesa dos interesses regionais no que diz respeito ao aproveitamento consciente da água, matéria prima tão necessária e cada vez mais escassa.
Entrevista com o governador de Minas
Viagem a Fortaleza pelo Vidas Áridas
Neste mesmo ano foi feita a primeira Expedição Vidas Áridas. Durante uma semana os jornalistas, acompanhados de diversos parceiros, percorreram novamente o extremo norte do estado e o Alto Rio Pardo para uma série de reportagens para a InterTV e também para captar imagens para um nova exposição. O resultado foi surpreendente. A exposição “Quem tem sede não pode esperar” revelou regiões e pessoas devastadas pelo clima. O Vidas Áridas ganhou reconhecimento e ainda mais visibilidade. Neste ano foram feitas dezenas de palestras e o movimento passou a fazer, em definitivo, parte da vida de milhares de pessoas.
Partida da primeira expedição
Em 2014 o Vidas Áridas se lançou em um projeto ainda mais ambicioso. Foi feita novamente uma grande expedição, e o foco foi o rio São Francisco. Durante duas semanas aventureiros percorreram o rio da represa de Três Marias ao estado da Bahia, retratando as dificuldades de navegação, o sumiço dos peixes e o desalento dos barranqueiros.
Foto linda no município de Catuti
O ano não poderia ser mais apropriado para uma expedição como essa, pois foi quando ficaram escancarados os problemas gigantescos do rio. Uma das nascentes principais do Velho Chico, em São Roque de Minas, secou e nunca o lago de Três Marias ficou tão vazio. A capacidade acima do mínimo ficou inferior a três por cento. Neste quadro sombrio o trabalho ganhou repercussão nacional. Uma série de reportagens foi exibida na InterTV e também na Globo Minas e os olhos da nação se voltaram para a região.
Os idealizadores contam que, a partir deste momento, ficou impossível aceitar todos os convites para palestras e o envolvimento em causas diversas. Simplesmente os problemas eram imensuráveis e não havia condições técnicas e humanas para dar conta da demanda.
Singrando o Velho Chico
Mas longe de ser um problema, isso foi visto como uma oportunidade para posicionar o Vidas Áridas como a principal voz em defesa dos recursos hídricos, sobretudo do São Francisco, no norte de Minas. Um projeto que não tem viés político partidário e que não está a serviço de nenhum partido ou político. O projeto, criado por dois jornalistas, agora se fazia representar por milhares de pessoas que passaram a bater no peito e dizer, com orgulho: “Eu também sou Vidas Áridas”.
Antonio Jackson e Délio Pinheiro, membros do Vidas Áridas
Em 2015 foi lançada a terceira exposição fotográfica intitulada “Salvem-me para que eu possa salvar vocês”. O grito de socorro do São Francisco ficou, como as outras duas mostras, em exposição no principal centro de compras de Montes Claros e passou por diversas cidades, como Pirapora, Japonvar, Matias Cardoso e também em Brasília, Distrito Federal.
Em Pirapora
Neste momento os idealizadores já computavam dezenas e dezenas de palestras proferidas e muitas ações, mas ainda havia o desejo de tornar o Vidas Áridas ainda mais atuante. A ideia é que o movimento pudesse não apenas mobilizar, mas também realizar ações. Foi assim que surgiu o projeto “Nascente Viva”, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Montes Claros.
No Dia Mundial da Água, o Vidas Áridas, e seus parceiros, cercaram a nascente do córrego Gameleiras em Montes Claros. Foi o projeto piloto de uma ação de longo prazo que pretende cercar todas as nascentes do município. A ideia principal é que essa ação possa inspirar outras cidades e pessoas a fazerem o mesmo com seus mananciais. As nascentes da região do Córrego Matias serão as próximas a serem cercadas pelo projeto, que se fortaleceu e hoje conta com dezenas de apoiadores diretos, entre eles o Exército Brasileiro.

Um passo em relação ao futuro
Um gesto, um exemplo
Outra ação desenvolvida em 2015 foi a limpeza de uma área do rio Vieiras, afluente do Verde Grande, no município de Montes Claros. Com parceiros, entre eles a COPASA e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foram retiradas mais de trinta toneladas de lixo da calha do pequeno afluente, que faz parte da bacia hidrográfica do São Francisco. E outras ações como essas estão previstas para os próximos meses.

O diagnóstico
A ação humana
A limpeza
Em julho de 2015, o Vidas Áridas se juntou a um grande parceiro, o projeto Manuelzão, criado pelo doutor em educação, médico e ambientalista Apolo Heringer. Ele e outros parceiros se juntaram em Matias Cardoso para a criação de um documento que pretende nortear as ações em prol da revitalização imediata do São Francisco.
A Missiva, intitulada “Carta de Morrinhos”, numa referência ao antigo nome da primeira freguesia do estado de Minas Gerais, deve chegar às mãos das principais autoridades do país. A expectativa é que dela surjam ações emergenciais em defesa do rio. O professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Flávio Pimenta, resumiu em apenas três palavras a postura do Vidas Áridas: “Ação, ação e ação!”.
Geraldo Humberto e Apolo Heringer
Reunião no banco de areia
Também em julho os integrantes do projeto, Geraldo Humberto, Délio Pinheiro e Sóter Magno, foram convidados para falar na Comissão Externa da Transposição do São Francisco no Congresso Nacional, em Brasília. Durante quase três horas os ambientalistas bateram fortemente na tecla da importância da revitalização do rio, sob pena de não ter água suficiente para os irmãos nordestinos a serem beneficiados pelas obras da transposição, que já estariam 85% finalizadas, conforme foi informado na audiência. Já foi dito que “um anêmico não deveria doar sangue”, e é essa a impressão que temos em relação ao Rio da Integração Nacional. A audiência contou com a participação de dezenas de deputados e de um senador de Sergipe, Eduardo Amorim.

Fala de Sóter Magno em Brasília
A nova exposição do Vidas Áridas foi montada em uma das galerias da Câmara dos Deputados e centenas de pessoas, entre elas muitos deputados, viram as imagens do ocaso que vive o nosso rio mais importante.
Para 2015 ainda estão previstas várias atividades a serem desenvolvidas pelo Vidas Áridas. A exposição completa de fotografias passará por Januária e Três Marias, e em outras cidades a serem confirmadas nos próximos meses.
A entrega da “Carta de Morrinhos” deverá ser feita, entre outros lugares, em Brasília. Autoridades estaduais e nacionais com representação na bacia do São Francisco receberão o documento, e se comprometerão a defendê-lo e a implantá-lo.
O projeto ainda vai realizar uma nova expedição pelo Velho Chico. O foco desta vez serão os afluentes do São Francisco, tão castigados pela seca que já dura pelo menos cinco anos na região. Os rios Paracatu, Velhas, Jequitaí e Verde Grande são alguns que devem receber os expedicionários. A previsão é que a nova “aventura da cidadania” aconteça em outubro ou novembro.
Em novembro, entre os dias cinco e sete, em Montes Claros, o Vidas Áridas realiza um Congresso Internacional com a participação de milhares de alunos e professores, de instituições nacionais e estrangeiras. Em foco as discussões e ações a serem implementadas nos próximos anos.
Grande ação para pensar o Brasil
Outros dois grandes projetos a serem desenvolvidos nos próximos meses é a publicação de dois livros. Um deles trará as fotografias e os bastidores das duas primeiras exposições fotográficas feitas pelo projeto. E outro, obviamente, será específico sobre a “Expedição Velho Chico”.
E ainda haverá as palestras em escolas públicas, quando são levadas algumas fotografias da exposição e exibido o documentário da expedição pelo Velho Chico. Cidades como Salinas e Montalvânia já contataram o projeto, que também conta com dezenas de convites de escolas públicas, a serem atendidos nos próximos meses. Os idealizadores fazem questão de salientar que não há nenhum tipo de custo quando as palestras são feitas em locais como escolas públicas, igrejas, associações de moradores e em outros lugares onde não há fins lucrativos, como é a própria essência do Vidas Áridas.
Palestra no Colégio Unimax
Palestra em escola municipal
Palestra no Parque Municipal
Depois de passados quase quatro anos desde o início desta história, pode-se dizer que nem os idealizadores do projeto imaginavam que o Vidas Áridas ganharia tanta repercussão e relevância em tão pouco tempo. Mas isso não aconteceu por acaso. Certamente o apoio da InterTV Grande Minas é preponderante para o êxito do projeto, que se estrutura para se tornar um instituto formalizado, com vistas a potencializar ainda mais as ações já desempenhadas até aqui. “O Vidas Áridas é hoje um braço social da emissora, e para nós é uma honra contar com o apoio da empresa onde trabalhamos”, registrou Geraldo Humberto.

Antonio Jackson é entrevistado no MGTV
Outro motivo para o sucesso do Vidas Áridas é a relevância dos assuntos abordados pelo projeto e a abnegação dos que fazem parte da linha de frente, entre os quais se destacam ambientalistas, professores e acadêmicos, que podem se vangloriar de estar fazendo sua parte diante do quadro desolador criado pelo próprio homem. E se cada vez mais outras pessoas dedicarem seu tempo e seu esforço, e isso certamente inclui os políticos, poderemos minimizar os efeitos da ação deletéria do próprio ser humano em nosso planeta. E esse o chamado que o Vidas Áridas faz.Você aceita fazer parte da geração que pode ter começado a salvar a Terra? Se sim, já sabe o que fazer: Ação, ação e ação!
Délio Pinheiro e Flávio Pimenta


1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, esse projeto e um exemplo, hoje moro no interior de São Paulo, mas nasci e vivi ate os 19 anos em Serranópolis de Minas onde sofre com esse problema (seca). Saliento que o Estado de São Paulo vive a muito tempo com o problema da Poluição, e nos últimos anos também esta sendo afetado pela falta d'agua.

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